Em 17 de julho de 2007, a cidade de São Paulo testemunhou uma das maiores tragédias aéreas da história do Brasil. O voo TAM 3054, que partia de Porto Alegre com destino ao aeroporto de Congonhas, na capital paulista, saiu da pista e cruzou a avenida Washington Luís, colidindo com um prédio da própria empresa. O saldo final foi de 199 mortos, sendo 187 passageiros, 12 funcionários da TAM e 13 pessoas no solo.

As autoridades imediatamente iniciaram a investigação das causas do acidente. As primeiras informações apontaram para problemas nos freios da aeronave, que já haviam sido registrados em voos anteriores. Além disso, as más condições climáticas no momento do pouso, com chuva forte e pista molhada, também foram elencadas como fatores contribuintes.

Contudo, a análise aprofundada das informações gravadas nas caixas-pretas do avião mostrou que as falhas iam muito além dos problemas mecânicos e climáticos. O relatório oficial divulgado pela Aeronáutica apontou uma série de falhas humanas e estruturais que contribuíram para a tragédia.

Uma das principais falhas identificadas foi a falta de capacitação dos pilotos para lidar com a falha nos freios. Além disso, aeronaves da TAM haviam sido reprovadas em inspeções da ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil) por possuírem problemas nos manetes de aceleração, que funcionavam de maneira contrária ao padrão da indústria. Estes problemas só foram sanados após o acidente do TAM 3054.

A investigação também expôs as deficiências do sistema de segurança aérea no Brasil. As condições adversas da pista de Congonhas, que possuía uma inclinação contrária às normas internacionais, eram conhecidas há décadas. Apesar disso, nenhuma providência foi tomada para corrigir o problema. Além disso, o espaço para manobra na região do aeroporto era muito limitado, o que dificultava as manobras dos pilotos em caso de emergência.

O acidente do TAM 3054 teve consequências significativas para a aviação no Brasil. As investigações levaram à elaboração de uma nova regulamentação para a atividade, com medidas mais rigorosas de segurança, inspeção e monitoramento por parte das autoridades. Além disso, um memorial foi construído em homenagem às vítimas na região do aeroporto de Congonhas.

No entanto, o acidente também deixou um legado de dor e luta por justiça para as famílias das vítimas. As ações movidas contra a TAM e outras empresas envolvidas no acidente – como a Airbus, fabricante da aeronave – ainda tramitam na Justiça. Para muitos, a tragédia do TAM 3054 é um exemplo brutal das consequências da negligência e da falta de responsabilidade no setor da aviação.